Defensora acusa juiz de machismo após tê-la expulsada de audiência

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A defensora pública Rosana Leite alega que juiz foi machista e infringiu um direito legal

POR PAULO WAGNER

A Coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher em Mato Grosso, defensora pública Rosana Leite Antunes de Barros acusa o juiz Jurandir Florêncio de Castilho Júnior, da 14ª Vara Criminal de Cuiabá, de abuso de autoridade e machismo, após destratá-la e expulsá-la da sala de audiência durante depoimento de uma vítima que tinha sido estuprada pelo próprio pai.

Visivelmente abalada com a situação a promotora concedeu entrevista à imprensa na tarde desta segunda-feira (15). Na coletiva ela relatou que o juiz disse que a vítima não tinha direito a uma defensora.

“Ele disse que eu não deveria estar naquele lugar, pois não havia necessidade da minha presença. Insisti e expliquei sobre o artigo 27 e 28 da Lei Maria da Penha, onde a vítima tem direito de estar com a defensora que escolheu para acompanhar o depoimento. O juiz me disse que a única forma em que me aceitaria naquela Vara seria para defender o agressor”, afirmou Rosana.

Cercada de apoiadores e apoiadoras, a defensora pública Rosana Leite disse, ainda, que ficou chocada ao ouvir do juiz termos inadequados a sua conduta como: “Eu não te conheço. Aqui você não defende mulher. Não vamos machucar a sua vítima”.

“Eu saí muito triste porque tenho a defesa da mulher como um dos parâmetros da minha vida. Justamente em razão de tantas violências que vejo as mulheres passarem. Infelizmente nesta data, esta defensora pública aqui também foi vítima de machismo, em razão de naquele lugar só caber a defesa para o réu e não para vítima, mesmo a Lei Maria da Penha dizendo o contrário”, declarou Rosana.

Mediante as declarações  da Coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher, o defensor-geral Clodoaldo Queiroz informou que vai protocolar uma representação contra o magistrado na Corregedoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Segundo ele, a atitude do magistrado caracteriza “abuso de poder”.